domingo, 13 de novembro de 2011

# 52
















O mais recente anúncio televisivo da OLX é uma verdadeira apologia do "fetichismo da mercadoria" (Marx) e da dissociação sexual:

- a sociedade do trabalho e o trabalho abstracto são pressupostos a cada segundo mas sistematicamente ocultos;

- tudo se passa apenas na esfera do mercado, onde possuidores e compradores de mercadorias realizam trocas de supostos meros objectos e que parecem terem vindo parar às suas mãos por artes mágicas;

- a "objectividade fanstasmagórica" (Marx) do valor domina tudo e todos, porque "tudo tem um valor", ou seja, tudo pode assumir a forma mercadoria;

- correspondentemente, emoções e afectos são "pesados" contra o fetiche do dinheiro, e decididos a favor deste sem hesitação;

- finalmente, o homem másculo troca, de uma só vez, a mercadoria de eleição da identidade moderna masculina (o automóvel) e os afectos associados às conquistas amorosas que fez com ele (as memórias da namorada) pelo princípio metafísico negativo do valor e sua expressão no "equivalente universal", o dinheiro. Decisão incentivada pelo certamente misógino e concorrencial nerd que passa os seus dias à frente do portátil a acompanhar a evolução dos preços de tudo e de nada, desprezando qualquer forma de envolvimento afectivo.

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