domingo, 13 de maio de 2012

# 97


No quadro da sociedade do trabalho não há “livre escolha” senão dentro da “jaula de ferro” da valorização do capital, que se mantém como pressuposto a priori de toda a reprodução social. Por isso mesmo, Passos Coelho acrescenta que a "livre escolha" consiste afinal em escolher entre o mau e o pior: “no meio da crise em que estamos, claro que é preferível ter trabalho, mesmo precário, do que não ter, claro que é preferível trabalhar mais do que não trabalhar, vender mais barato do que não vender”, mas “o modelo para o futuro tem de ser o de acrescentar valor”.

Entretanto, a indignação moralista da esquerda em torno da inverdade da afirmação de Passos Coelho silenciou a possibilidade de um desvio radical promissor: a crise de desemprego estrutural como "oportunidade para mudar de vida" e de irmos verdadeiramente para lá da sociedade do trabalho.

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