quinta-feira, 22 de novembro de 2012

# 123

Crise da sociedade do trabalho ilustrada (24 vezes por segundo).

el Empleo, curta-metragem de animação de Santiago 'Bou' Grasso; video.

2 comentários:

  1. Mas mais do que a crise do trabalho, o que é aqui bem evidenciado é a função do trabalho como instrumento de controlo. Cada vez mais o trabalho vivo serve para manter as pessoas controladas e subservientes, ficando a extracção de mais-valia cada vez mais assegurada pela activação de enormes concentrações de capital acumulado, trabalho morto.

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    1. É certo que esta animação se presta a mais do que uma leitura. Mas parece-me que há no seu comentário alguns problemas. Em primeiro lugar, a animação mostra o trabalho abstracto (e portanto indiferente ao seu conteúdo) como forma de mediação social absurda que, num contexto de desemprego estrutural associado à terceira revolução industrial, coloca os excedentários em situações de miséria ou de actividades absurdas, e este é um dos aspectos centrais da crise da sociedade do trabalho; o objectivo como se sabe é participar na "valorização do valor" e, para esse efeito, um governo até pode pôr os desempregados a "abrir buracos no chão ou a construir pirâmides" (como afirmava Keynes); outra alternativa, potencialmente reaccionária, é a eliminação ou destruição de maquinaria supressora de postos de trabalho (como nos ludditas); neste caso da animação há aparentemente uma mistura das duas coisas. Por isso também não percebo o quer dizer com "a função do trabalho como instrumento de controlo" e muito menos como se retira da animação a ideia de controlo; a ideia subjacente é a de uma forma de relacionamento social fetichista, a qual não pode deixar também de ser uma forma de controlo e dominação, mas onde quem está por cima também tem de alimentar a máquina da "valorização do valor"; daí que, a personagem central aparente "dominar" todas as outras até ao momento em que ele próprio é mostrado como uma peça da "engrenagem social", e quem nele limpa os pés não pode ser visto como o capitalista que domina toda a sociedade mas antes como alguém que para lá da porta desempenha uma actividade tão absurda como os restantes. Só numa leitura truncada poderemos ver "bem evidenciada" nesta animação o velho paradigma sociologista da luta de classes.

      Em segundo lugar, se por "extracção de mais-valia cada vez mais assegurada pela activação de enormes concentrações de capital acumulado" se entende a mais-valia relativa, não nos podemos esquecer que ela não "assegura" nada mas agudiza antes a "contradição em processo" (Marx) do capital. Um ensaio onde este aspecto está bem explicado encontra-se aqui: http://o-beco-pt.blogspot.pt/2010/06/claus-peter-ortlieb-uma-contradicao.html

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